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quinta-feira, maio 20

nua e crua


Eu queria ser famosa. Estampar as capas das revistas com minha felicidade instantânea e dizer que estou ótima depois de uma separação traumática. Queria ir pro Big Brother e fazer melhores amigos em uma semana. Queria dizer que amo com um mês de namoro. Queria que, quando alguém me chamasse de gostosa, isso fosse um elogio ao meu caráter e não um “eu te comeria se você me desse mole”. É provável que eu fosse mais feliz assim.

Mas eu sou tradicional. Sou convencional, apesar de não ser normal. Se eu me corto, eu sangro. Se bato o dedo no pé da mesa, dói. Sou uma pessoa comum. Acredito no até que a morte nos separe e também no eterno enquanto dure. Acredito que, se eu sou capaz de ser fiel, alguém mais pode ser. Acredito que eu não sou uma laranja, mas preciso da minha outra metade pra me sentir inteira. Valorizo as pequenas atitudes, assim como condeno pequenas mancadas. Sou rancorosa, guardo por anos uma coisa que me magoou de verdade. Sei perdoar. Passo por cima dos erros pra ficar junto das pessoas que eu gosto. Tenho meus limites. O primeiro deles é meu amor-próprio. Perdôo uma vez, porque errar é humano. Perdôo duas porque o ser humano é estúpido às vezes. Mas não posso viver perdoando porque isso seria incompetência minha.

Acredito que as pessoas aprendem com os próprios erros e com o tempo. Acredito também que quem traiu uma vez e foi perdoado vai trair de novo. Acredito que aquelas pessoas que vivem falando mal dos outros vão falar mal de você com esses outros. Acredito que as pessoas só mudam por vontade própria e nunca pelo pedido de outra pessoa. Acredito que tudo que eu acredito hoje vai mudar com o tempo. E que, no futuro, talvez, eu acredite em menos coisas. Ou em nada mais.

Nunca vendi meu corpo, nem nunca sequer considerei essa possibilidade. Eu sei exatamente o tipo de homem que sai com puta. E esse tipo me dá náusea. Nunca precisei experimentar drogas pra pertencer a nenhum grupo. Me dou bem com todo tipo de gente e as pessoas costumam gostar de mim apesar do que eu sou. Tenho verdadeira repulsa por homem mulherengo. Detesto aquele tipinho “caminhoneiro” (que fala pra esposa que tem uma em cada ponto, mas ela é a única que ele ama). Detesto mulher corna que se explica pras pessoas “mas ele me ama”. Sexo com outras pessoas só é perdoado quando é o homem que faz. Detesto homem machista. Detesto o tipinho que vai pra farra enquanto a mulher tonta espera em casa. Detesto mulher tonta.

Eu queria ser famosa pra fingir que não sinto dor. Pra fingir que sou perfeita na capa das revistas masculinas. Pra fingir que não preciso fingir. Queria ser famosa pra ser uma fruta e não uma cabeça que pensa. Mas escrever nunca deu dinheiro, nem capa de revista, nem melhores amigos no Big Brother. Escrever é pra pessoas de quinta como eu, que não vão fazer seu primeiro milhão vendendo o que tem no meio das pernas pra adolescentes de 30 anos de idade. Queria ser famosa pra experimentar uma vida que, dizem por aí, é melhor que a minha. Queria ser famosa pra ver se eu conseguiria ser eu como eu sou agora.

Creditos: Brena Braz

domingo, maio 16

Alfabeto..




Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz ''abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...

Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.

Com C, "calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval", esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar ´parabéns pra você` e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo".

Com D , se chega à "dedução", o caminho entre o "se" e o "então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma palavra que pretende ser beijo.

E tem o E de "efêmero", quando o eterno passa logo; de "escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por quem ganhou um pirulito, por exemplo..

F é para "fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é toda certeza que dispensa provas.

A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a confundem com o J. G, de "grade", que serve para prender todo mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.

Depois vem o H de "história": quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada.

O I de "idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira.

J de "janela!, por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim", que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar assim.

L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só pode ser completamente louco. M de "madrugada", quando vivem os sonhos...

N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.

O de "óbvio", não precisa explicar... P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.

Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.

E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.

S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.

T é de "talvez", resposta pior que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.

U de "ui", um ài" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado.

Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de"volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.

E chegamos ao X, uma incógnita... X de "xingamento", que é uma palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o português.

Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi usada pelo Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como fica a cabeça da gente ao final de um dicionário inteiro.

Créditos: Adriana Falcão

segunda-feira, maio 10

toque de realidade.

Com o tempo você vai perceber que o que te faz feliz, não é a liberdade que você tanto sonhou, não são seus amigos,e muito menos sua listinha ordinária de meninas que você pegou durante a semana, você vai necessitar de um abraço e de um beijo, não esse tipo de afeto que você recebe em uma noite e passa, você vai desejar um abraço verdadeiro dado por quem se ama,um simples afeto sem querer nada em troca, um simples olhar apaixonado e palavras doces. Você realmente vai perceber que aquilo te faz falta, não vai ser hoje nem amanha isso pode demorar um tempo pra ficar claro, mais a muito tempo as respostas se encontram em você mesmo, mais você não as permite sentir, porque você prefere acreditar que vai mudar que vai passar, que quando você acordar tudo ficará bem, mais não fica, não passa, doi e doi muito, eu cansei desse joguinho tolo, eu entreguei as cartas de bandeja pra você e fui embora, porque eu sei a hora de desistir e sei também que não tinha mais condiçoes de sofrer, e não adianta você fazer de tudo pra esquecer, tentar apagar fazer burradas atras de burradas, não porque você não consegue, o que você consegue? pensar mais ainda, amar mais ainda, e lembrar..Eu não precisei te maguar e me machucar, pra provar que eu te amo, eu não preciso de nada disso, eu só precisava de você e isso ninguém precisou me mostrar..

quinta-feira, maio 6

Todo labirinto tem seu minotauro.

E é tão verdade, até o mais perfeito dos planos tem defeitos. Ou um defeito só, mas o tem. E se eu aprendi a lenda direito, o minotauro é o motivo para a entrada no labirinto. Mas entrar em algo desconhecido para encontrar algo mais desconhecio ainda e dar-lhe fim? É isso? E qual o propósito?
É só um minotauro, e tantos significados. É a falha, a busca, a chance, a escolha... é um motivo tão secreto que nem nós sabemos ao certo o porquê de estarmos buscando, almejando, planejando ou fazendo qualquer coisa que seja.
A falha: é o erro, não que isso signifique falta de acerto, é só um ponto preto em meio ao branco, é o lago do deserto, é a voz no silêncio, é o riso no choro. É o detalhe, a falta do que compõe um grupo maior. É o abismo que procuramos sem saber, e queremos a todo custo tampa-lo, mas ninguém nos contou que isto é impossível.
A busca: é o propósito, o reencontro dos trilhos do trem, é secretamente a aposta de tanta gente para que ao fim a tormenta chegue ao fim, é percorrer espaços desconhecidos atrás de algo que não se vê, não se toca, mas existe e espera por nós em algum lugar e que, ao encontrar, que seja o que Deus quiser. (ou quem você acreditar, só não encontrei frase clichê melhor).
A chance: é a esperança encubada, consentida, escondida, amarradinha e secretíssima. É a esperança de que a sensação estranha que às vezes aparece pare de aparecer e assim tudo acabe fluindo às mil maravilhas, que não haverá mais nós na garganta, um vazio e uma falta não-sei-do-que.
A escolha: é o mais abstrato de todos, é o ir e vir constantes, o silêncio e o barulho, o filme e o livro, a corrida e o cochilo, o inverno e o verão. É se dividir e se deixar dividir, é ficar em cima de uma corda e não saber pra onde ir, e que dó saber que ao escolher se descemos da corda ou continuamos caminhando(pra em algum momento TER que descer) que a escolha será feita e sem choradinha não tem volta, e que o minotauro nos espera no centro do labirinto.

ps: nao sei o autor do texto, mas achei muito lindo *-*

Eu sou o meu labirinto e o meu minotauro. Assim, dando a mim mesma as minhas chances, vendo minhas falhas (e também tentando cobri-las a todo custo), e seguindo com o propósito que tenho em mãos agora, que pode não ser o mesmo amanhã de manhã. Infelizmente me mato todos os dias (meu labirinto enlouquecendo meu minotauro). Como? Ora, sempre que eu desisto de algo que eu sei que é essencial para mim. Sempre que sinto que tenho algo ao meu alcance e acaba indo embora, fugindo dos meus dedos e dos meus olhos, ficando inviável e eu precisando começar de novo, mesmo exausta, é nesse ponto que eu desisto. Desisto por segundos, se eu desistisse por tempo demais a felicidade desistiria de mim. E eu, acima de tudo, não sei e não posso desistir de mim mesma.

Agora eu me pergunto se o minotauro seria o mesmo sem o labirinto ou se o labirinto teria função sem o minotauro.

Seria?
Teria?